Em busca da (re)conexão corpo-mente
Somos naturalmente seres instintivos, animais, intuitivos… por muitos e muitos anos nem passava pela nossa cabeça duvidar da sabedoria do corpo… o corpo dava a direção e agíamos rapidamente diante de uma ameaça ou necessidade.
Ao longo do tempo fomos perdendo a conexão com os nossos instintos e desenvolvemos novas habilidades sociais para conviver em grupo. Aprendemos a controlar nossos impulsos e passamos a funcionar de uma maneira mais racional, mais mental.
Aos poucos aconteceu uma cisão entre corpo e mente, onde passou-se a considerar que, hierarquicamente, o corpo estava numa posição secundária em relação à mente.
Será que isso faz sentido? Será que estamos no caminho certo?
O corpo é o veículo que nos possibilita viver essa experiência humana,
que guarda todas as marcas e memórias, e possibilita o acesso ao conteúdo psíquico que contempla toda a nossa história de vida.
Uma vez que criamos intimidade com o nosso corpo, aprendemos a recepcionar as nossas emoções, desejos, sonhos e ideias.
Por outro lado… A mente, é essa incrível e importante parte de nós, que nos permite raciocinar, analisar, comparar, classificar, julgar e pensar… pensar… pensar…
A função da mente é pensar… a questão é que estamos tão identificados que nos confundimos com a mente, e acreditamos que somos os nossos pensamentos.
E é aí que precisamos tomar CUIDADO!!! Porque ao contrário do corpo, a mente, MENTE!!
Com a missão de nos proteger, a mente faz análises com base nas experiências vividas, conta histórias que nem sempre são verdadeiras, fortalece crenças limitantes e cria ilusões.
Enquanto a mente se comunica através da palavra, dos pensamentos e suas interpretações, o corpo se expressa através de sensações e percepções.
A sensação é o ponto de união entre corpo e mente, o ponto onde os fenômenos físicos e mentais falam a mesma língua, onde as fronteiras desaparecem e a verdade aparece.
Às vezes as palavras não bastam e muitas vezes limitam a nossa percepção, precisamos nos aproximar do corpo para fazer companhia para o que a gente sente.
Sentir não significa abrir mão da cognição, e sim usar a cognição em uma perspectiva diferente.
Tudo que podemos sentir, podemos transformar.
O que não podemos sentir, se perpetua em forma de sintomas ou acontecimentos que se repetem em nossas vidas.
Desde 1940, a partir das contribuições de William Reich, existe um movimento bastante importante no campo das terapias que busca promover essa (re)ligação corpo-mente.
Todas as terapias de abordagem corporal trabalham o corpo fisico, o corpo mental e emocional, e o corpo energético em conjunto, promovendo a integração da personalidade em todos os níveis.
Para a Psicologia Transpessoal, a visão holistica sobre o processo de desenvolvimento do ser humano é fundamental.
Por isso, o processo terapêutico transpessoal não se limita apenas à fala, ou conversa. A conduta terapêutica transpessoal também utiliza recursos não verbais, como grafismo, meditação, respiração, movimentos corporais, focalização, mandalas terapêuticas, entre outros.
Nesse sentido, a Psicologia Transpessoal se aproxima aos saberes orientais, que tem como norte o desenvolvimento do Ser Integral.
Nas palavras de Peter Levine, o pai da Experiência Somática (SE):
Negligenciar o corpo é negar a nossa condição humana, que é constituída de matéria. É desconsiderar a nossa relação com a terra, com a natureza. Por outro lado, negligenciar a mente reduz a nossa capacidade de entendimento, elaboração e integração das experiências vividas. Ambos, corpo e mente, são necessários para o processo de transformação e evolução da alma.
Não existe separação!!